DIOCESE ASSINALOU O CENTENÁRIO DA CHEGADA DO IMPERADOR CATÓLICO AO FUNCHAL

Na tarde do dia 19 Novembro, pelas 17h30, na Sé do Funchal foi celebrada missa solene da memória litúrgica do Beato Carlos d’Áustria assinalando assim o centenário da chegada ao Funchal do imperador Carlos d’Áustria. A celebração eucarística foi presidida pelo Senhor D. Teodoro de Faria, bispo emérito do Funchal e presidente da comissão diocesana para a celebração do centenário do falecimento do Beato Carlos d’Áustria. Na impossibilidade de estar a presidir à celebração por motivos pastorais, o Sr. Bispo do Funchal, D. Nuno Brás da Silva Martins, deixou uma mensagem que foi lida pelo vigário-geral da diocese do Funchal: «Há 100 anos atrás, a Madeira dava abrigo ao Imperador Carlos de Áustria e à sua família. Vinham fugidos da sua terra, onde, entretanto, tinha sido proclamada a república. Embora pertencesse à família imperial, ninguém no dia do seu nascimento colocaria a hipótese que viesse a ser herdeiro do trono: era apenas o sobrinho-neto do Imperador. Foi uma longa série de acontecimentos que, em plena Ia Guerra Mundial, o conduziram para a frente desse enorme Estado, o Império Austro-Húngaro, hoje um conjunto vasto de países europeus. Procurar conhecer o melhor possível a vontade de Deus e pô-la em prática com diligência: era este o lema da sua vida. Viveu-o com a ajuda preciosa de sua esposa, a Imperatriz Zita, cujo processo de beatificação também decorre. No fim do retiro espiritual que os dois fizeram antes do matrimónio, Carlos disse à sua futura esposa: “agora é preciso que nos ajudemos um ao outro a chegar ao Céu”. Pai de família, cristão fervoroso, construtor da paz, defensor do bem do seu povo: “o Imperador Carlos concebeu o cargo que ocupava como um serviço sagrado aos seus povos. A sua principal preocupação consistia em seguir a vocação do cristão à santidade também na sua acção política”, disse S. João Paulo II durante a sua beatificação, em 2004. Na Madeira, Carlos e a família conheceram a pobreza extrema. Aliás, o Beato Carlos foi vítima da pobreza: o frio e a humidade da casa na Quinta do Monte, juntamente com os poucos recursos médicos da Ilha impediram a recuperação de uma pneumonia. Quis ficar sepultado na Igreja do Monte, na Madeira, junto deste povo que o acolheu quando, pobre, aqui procurou abrigo».
A missa foi concelebrada pelos membros da comissão diocesana – Cónego Fiel de Sousa, Cónego Vítor Gomes e Pe. Vitor Sousa – pelo pároco da Sé o Cónego Marcos Gonçalves, pelos padres Orlando Morna, Jorge Magalhães e João Freitas. As autoridades da região autónoma marcaram presença e fizeram-se representar nesta celebração juntamente com os fiéis que quiseram participar nesta missa solene na catedral do Funchal.
Já na homilia da missa, D. Teodoro de Faria, começo por afirmar que “o beato Carlos lutou contra o mundo da guerra e das trevas” precisamente com as armas que o apóstolo Paulo recomenda “Orai em todo o tempo, movidos pelo Espírito Santo, com toda a espécie de orações e súplicas. Perseverai nas vossas vigílias, com preces por todos os cristãos”. “Foi isto que foi a força e a salvação do beato Carlos, desde pequenino”.
O presidente da comissão diocesana continuou a sua reflexão explicando que “o imperador era também rei da Hungria e imperador da Áustria, da Áustria depois da guerra em que não foi ele que decretou a guerra, foi Francisco José, foi o imperador da Alemanha”. “Apesar disso [o imperador Carlos] vai ser uma espécie de vítima, vai levar até ao calvário todos os pecados para assim serem redimidos por Deus”.
Perante a decisão do seu exílio, o imperador Carlos d’Áustria pediu “que nenhum daqueles que estiveram contra mim, tanto na Áustria como agora na Hungria seja condenado à morte”. “Era o homem da paz e do perdão” observou D. Teodoro.
Na sua chegada à Madeira o único pedido do imperador Carlos foi este: “que o senhor bispo permita que tenha o Santíssimo Sacramento em casa”. “Quando ele vinha rezar aqui [Sé] e à capela da Penha de França, a forma de ele rezar fazia com que alguns padres e pessoas vinham aqui vê-lo como ele orava”. D. Teodoro continuou afirmando que “ver um santo é qualquer coisa que entusiasma e portanto o povo da Madeira desde o princípio viu neste homem que era um homem diferente de todos os outros: homem que não tinha dinheiro, que tinha sido expulso da sua terra, que tinha os seus filhos na Suíça, que estava aqui sem futuro e era tão amigo de Deus”.
Ao terminar a homilia o bispo emérito do Funchal agradeceu a Deus “a forma como o povo madeirense recebeu desde o princípio este homem cá como um sinal de Deus e alguém que era uma grande santidade, depois agradecer ao Papa São João Paulo II que beatificou o imperador, e agradecer à família do imperador por manter os restos mortais na Madeira”.
No final da celebração o Cónego Fiel de Sousa, vigário-geral, agradeceu “ao sr. bispo D. Teodoro, presidente desta comissão centenária, que esteve a presidir em nome do senhor bispo do Funchal que não pode estar por motivos pastorais. Queria agradecer a forma tão profunda como nos levou até o beato Carlos d’Áustria e também a vontade de ser como ele. Quero agradecer a toda a comissão”, rematou. O Cónego Fiel continuou agradecendo às autoridades: “a vossa presença aqui significa aquilo que o povo cristão recebeu e recebeu com muito amor Carlos d’Áustria”. “Se há muita gente que vem à Madeira pela beleza natural desta ilha, muitos vêm aqui pela santidade e pela beleza do beato Carlos d’Áustria” concluiu.
Recorde-se que o centenário do falecimento do beato Carlos d’Áustria se assinala no próximo dia 1 de Abril 2022 com um ano de celebrações até 1 de Abril 2023. Para tal a comissão diocesana nomeada pelo bispo do Funchal está a preparar um programa “para que a data possa ser dignamente celebrada, e ao mesmo tempo a figura deste Imperador cristão, beatificado por S. João Paulo II em 2004, mais conhecida e venerada”.
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