Santuário de Nossa Senhora da Paz

Horário de Funcionamento
DOMINGO - regra geral no primeiro domingo de cada mês (salvo excepções)

10h – abertura da capela 12h – fecho da capela

O Santuário de Nossa Senhora da Paz, localizado no Terreiro da Luta a oitocentos e cinquenta metros de altitude, é o maior monumento que existe na ilha da Madeira.

Durante a Primeira Guerra Mundial, o Funchal foi alvo de dois bombardeamentos por submarinos alemães. O povo acorreu a Nossa Senhora de Monte a pedir a paz e, numa cerimónia realizada no Largo da Fonte, a 27 de Julho de 1917, foi feito um voto pelo pároco do Monte, Padre José Marques Jardim: “se Deus , por intermédio de Nossa Senhora, nos der a paz, cessando a guerra, eu me comprometo a levantar um memorial como gratidão e súplica pela paz”.

A tão desejada paz foi assinada no ano seguinte.

A primeira pedra foi lançada a 1 de Novembro de 1923, sendo o monumento inaugurado a 14 de Agosto de 1927.

A construção deste monumento deve-se à iniciativa e aos esforços do padre José Marques Jardim, como cumprimento de uma promessa feita. O padre Marques Jardim chegou a ir ao estrangeiro, junto dos emigrantes madeirenses, com o objetivo de angariar meios para a construção do monumento a favor da paz.

O monumento, de gosto neo-românico, é encimado por uma imagem da Virgem com cinco metros e meio de altura, assentando num pedestal de vinte metros com quatro colunas romanas. Na base existe um baixo-relevo em bronze, alusivo à aparição da Virgem aos pastorinhos na Fonte da Telha.

A base do monumento é envolvida por um terço do rosário, composto por correntes de navios torpedeados no porto do Funchal durante a Grande Guerra e pedras da ribeira de Santo António, tudo transportado em procissão por cerca de 300 homens, na maioria carreiros do Monte, em romagem efectuada a 1 de Novembro de 1927.

A capelinha de Nossa Senhora da Paz foi benzida e inaugurada no dia 1 de Maio de 1928.

«A grande guerra, assim chamada, que eclodira, em 1914, entre a França e Alemanha e que, depois, arrastou outras nações, inclusive Portugal, levou a toda a parte, o cortejo da desolação, da fome e da morte.
A Madeira sentiu, talvez, como ninguem, o pavor daquela desgraça.

Isolada no meio do mar, cortadas as comunicações com o resto do mundo, sem recursos para manter a sua densíssima população, sofreu e sofreu muito.
[…]

Uma amostra terrível dessa grande guerra chegou até nós.

Os submarinos alemães torpedearam dentro do porto do Funchal, tres vapores aliados: A canhoneira “Surprise” e o “Kanguroo”francezes, o “Dacia” inglez, que foram metidos ao fundo, tendo morrido parte da tripulação e também filhos da Madeira que tinham ido a bordo.

A cidade do Funchal foi bombardeada por duas vezes. Ficaram arruinadas muitas casas, a igreja de Santa Clara, o seminário, etc. 

Houve mortos e feridos. 

Havia luto, lágrimas!

[…]

No meio de tanta tristeza, restava um único recurso. A fé em Deus e a esperança na excelsa Padroeira deste bom povo.
Nossa Senhora do Monte é a sua mãe.
Promovida por todas as classes sociais da Madeira é organizada uma enorme peregrinação ao Santuário da Padroeira. A 28 Julho de 1917 […] tudo se incorporou no cortejo de penitência e prece ardente pela paz.
[…]

O Largo da Fonte, os passeios, as encostas próximas regorgitam com a multidão que correra de toda a Ilha.

Em lugar eminente, levanta-se o altar para a Santa Missa, Sacrifício propiciatório de Nosso Senhor.

A imagem milagrosa saíra do seu nicho de prata. Sua Excelência Reverendíssima, o Senhor Bispo D. António Manuel Pereira Ribeiro, celebra o sacrifício incruento. A multidão canta, implora e chora.

[…]

Ao Evangelho recebo ordem do Senhor Bispo, para pregar. Obedeço. O que foram as minhas palavras, já não sei. Apenas recordo que chorei com a multidão, e com ela gritei, pedi, soluçando, pelos famintos, pelos orfãos, pelas viuvas, pelo mundo pecador, por Portugal, pela Madeira, por seus filhos e sacerdotes, na guerra. Por fim, sem o ter pensado, prometi, solenemente, no meio da comoção de todos, á Virgem Senhora do Monte, que sempre nos tem valido, em todos os perigos e momentos dolorosos:

“se Deus , por intermédio de Vós Nossa Mãe do Céu, nos der a paz, cessando brevemente a guerra, eu me comprometo a levantar, com o auxílio dos que o quizerem fazer, um memorial desse favor, para perpetuar a nossa gratidão e súplica de paz, entre os homens. Assim Deus me ajude”»

(Pe. José Marques Jardim in PAX, Monumento da Paz 25 anos depois-1952)
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